Tick, Tick.. BOOM! - Crítica


Prestes a fazer 30 anos, Jonathan Larson sente como se uma bomba relógio estivesse fazendo contagem regressiva do seu tempo. Seus anos de juventude estavam chegando ao fim e ele não sentia como se tivesse realizado muito. Na sua idade os pais já tinham casado, tido filho, comprado casa e estavam em empregos estáveis e seu ídolo Stephen Sondhein já era um sucesso. Mas Jonathan não. Ele passou os últimos oito anos escrevendo – e reescrevendo - um musical que estava apenas no papel, trabalhava como garçom numa lanchonete e morava num apartamento caindo aos pedaços em NY. No fim das contas, Larson escreveu, sim, um musical de sucesso, um dos maiores da Broadway, inclusive, Rent. Mas em Tick, Tick.. BOOM!, estreia de Lin-Manuel Miranda na direção de um longa, conhecemos a fundo a história de suas outras produções, Superbia, que nunca viu a luz do dia, e a peça que dá nome ao filme.



Tick, Tick.. BOOM!


O original Netflix com Andrew Garfield no papel principal foi uma grata surpresa. Sei que existe Rent, mas nada sobre ele. E, no fim das contas, continuei sem saber, porque Tick, Tick.. BOOM! foca na figura da Larson, não no seu maior sucesso. E fiquei curiosa agora para assistir Rent.


E falando de Garfield, ele está espetacular no papel. Trouxe para o personagem a dor do artista incompreendido, a raiva do gênio ainda não reconhecido, a arrogância de quem sabe que é bom no que faz, a negligência de todos ao seu redor por causa da sua visão de mundo e objetivo de vida, mas ao mesmo tempo tem a cara de cachorro sem dono que dá vontade de abraçar e dizer que vai ficar tudo bem. Mesmo com seus defeitos e muitas vezes cegueira em relação ao mundo, ele é bom, é doce e fez o espectador torcer pelo seu sucesso. E ainda por cima o próprio Garfield é quem cantou. O ator aprendeu a tocar piano e a cantar para o papel. E vai muito bem.






Além dele, podemos citar Vanessa Hudgens (rainha da Netflix. Ela está por todos os lados!) com um dos destaques. Apesar de não ter sua personagem Karessa tão desenvolvida ou muito tempo de tela, sempre que aparece é um deleite. Ela canta – e canta com alma! -, a ponto de sentirmos fundo suas emoções. E Robin de Jesus, como Michael, o melhor amigos de Larson, também é parte importante da narrativa e muito bem interpretado.


Musical


Temos aqui um musical, mas um pouco diferente. Todas as canções são da peça Tick, Tick.. BOOM! ou de Superbia e elas são representadas tanto durante apresentações quanto num momento da vida do protagonista. Desse modo, as músicas condizem com o momento em que Jonathan está passando em sua vida, já que a peça foi escrita baseada na sua experiência pessoal e seus questionamentos filosóficos. Então o que assistimos é processo de construção de Superbia cantado por Tick, Tick.. BOOM! no meio do caos da sua vida.




Sou fã de musicais, mas sei que muita gente não e por isso passa longe deles. Mas mesmo quem não gosta do gênero deveria se aventurar em Tick, Tick.. BOOM!. Não é uma superprodução no estilo La La Land, O Rei do Show ou Moulin Rouge. São atores cantando muitas vezes sentados num banquinho ou num piano, sem danças exageradas ou figurinos brilhantes. E nada disso tira o brilho do filme. Na verdade, é o que dá. Apesar de compositor de musicais, a vida de Larson não pedia uma hipérbole, e sim uma dose de realidade, ainda que lúdica. Afinal, como disse sua agente em certa altura, “escreva sobre o que você conhece”. E ele escreveu. Lin-Manuel Miranda, que escreveu o sucesso Hamilton, acertou o tom em seu primeiro filme como diretor, assim como acertou em tudo de Hamilton.


Uma curiosidade sobre Tick, Tick.. BOOM!: A cena que o elenco canta Sunday na lanchonete é repleta de atores da Broadway. O próprio Lin-Manuel aparece, Renée Elise Goldsberry e Phillipa Soo, de Hamilton, André De Shields, de Hadestown, Adam Pascal, Daphne Rubin-Veja e Wilson Jermaine Heredia, de Rent, além de outros. E o grande compositor de musicais Stephen Sondheim “aparece” interpretado por Bradley Whitford.


O Jonathan Larson real e Andrew Garfield


Tick, Tick.. BOOM! é excelente e vale investir 2h da sua vida nesse filme.


Recomendo muito.


Teca Machado


2 comentários:

  1. Teca, adorei a dica. Eu vi a "propaganda" na Netflix, mas não sabia do que se tratava ao certo. Adoro musicais e esse, mesmo sendo diferente, acho que posso curtir. Fora que eu adoro o ator também! ♥

    Beijos, Carol
    www.pequenajornalista.com

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  2. Fica a dica. Ainda não assisti, mas pretendo.

    Boa semana!


    Jovem Jornalista
    Instagram

    Até mais, Emerson Garcia

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