A Vida Invisível de Addie LaRue - Resenha


A Vida Invisível de Addie LaRue, de V. E. Schwab, publicado por aqui pela Galera Record, foi um dos livros dos quais mais ouvi falar ano passado. E só ouvi elogios. Muitos. Do tipo “livro que mudou minha vida”, “melhor leitura que já fiz”. Então, é lógico que quando finalmente fui ler (finalmente porque com os gêmeos meu ritmo de leitura caiu horrores), minhas expectativas estavam lá no teto e mais um pouco. E isso pode ter sido um problema. Gostei muito do livro, mas estava esperando mais devido a tanto hype que ele recebeu. Mas, ainda assim, foi uma história que me marcou e da qual eu tenho certeza que posso até esquecer dos detalhes, mas não vou esquecer dela.


Foto @casosacasoselivros


A Vida Invisível de Addie LaRue


No início dos anos 1700, Addie é uma garota que vive num pequeno vilarejo francês com os pais. Curiosa e obstinada, ela sabe que o mundo é muito mais do que a minúscula vila onde mora e o seu maior medo é ter a vida que todo mundo lá tem: nascer, viver e morrer dentro dos poucos quilômetros quadrados que delimitam o vilarejo. Quando é obrigada a casar com um rapaz local e viver a vida que nunca desejou para si, ela foge do seu casamento, entra na floresta e faz um pacto com um deus da escuridão. Addie pede para viver quanto quiser, para ser livre, não ter amarras e é exatamente isso que ganha, uma liberdade nunca imaginada e imortalidade. Mas junto dela vem uma solidão jamais enfrentada por alguém. Todas as pessoas que Addie teve na vida se esqueceram dela e todas que a irão conhecer a esquecerão assim que tirarem os olhos dela. 300 anos de isolamento – ainda que no meio de todos – se passam até que um dia alguém lhe diz “eu me lembro de você”.


A Vida Invisível de Addie LaRue é um livro que permeia arte, poesia, literatura, filosofia. A protagonista não consegue deixar sua marca no mundo, mas outras pessoas podem por ela. É uma obra que mostra uma solidão profunda, a importância de ter alguém por perto, alguém que te conheça, como ter um nome – e poder anunciá-lo – faz a diferença na vida. A verdade é que ninguém quer ser esquecido.


Melancólico


V. S. Schwab

Se tem algo que esse livro me deixou foi melancólica. Apesar de parecer que viver para sempre é bom, Addie mostra diferente. Sim, ela viu muito, viveu muito, aprendeu muito, mas é uma benção ou uma maldição? Sua vida, principalmente os primeiros 150 anos, foram permeados de tristeza, de decepções, de uma solidão que corta a alma. E V. E. Schwab escreve de uma maneira que é impossível não se importar com a personagem. Tem dia que eu precisava fechar o livro e fazer outra coisa, tão triste eu me sentia por Addie.


Eu nunca tinha lido nada da Schwab e descobri que ela é realmente tudo isso que falam. Ainda mais que ela afirmou que demorou 10 anos para concluir a história de Addie. Foi tudo muito pensado, elaborado, amarrado. É perceptível o esforço, a criatividade e tudo o que a autora colocou no livro.


A construção dos personagens é muitíssimo bem feita. É impossível não gostar de Addie, não se importar, não querer dar um abraço para acabar com seu sofrimento e mesmo sacudí-la por ser tão teimosa. E mesmo muitas vezes à beira do abismo, não se joga: Ela resiste. Além da protagonista, temos Luc, o deus da escuridão, que apresenta várias facetas. Ele é intenso, amedrontador e até mesmo doce. É paradoxal o que a gente sente por ele. E há Henry, que se lembra de Addie. Mas falar dele é bastante spoiler, mas vamos só dizer que ele é importante, mesmo aparecendo só da metade para frente.


O ponto negativo de A Vida Invisível de Addie LaRue para mim foi que foi uma leitura arrastada, ainda que interessante. Principalmente o primeiro terço foi difícil de vencer. Demorei a me envolver de verdade com a história. Mas persevere: Vale muitíssimo a pena.



Recomendo.


Teca Machado

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