O Diabo de Cada Dia - Crítica


Slow burn.


Cozimento lento.


Essa é uma das melhores maneiras que podemos descrever o filme O Diabo de Cada Dia, do diretor Antonio Campos e baseado no livro de Donald Ray Pollock, que em português ficou com o título O Mal Nosso de Cada Dia, da editora Darkside – numa edição lindíssima, diga-se de passagem.





O Diabo de Cada Dia


Tudo gira em torno da cidade Knockemstiff, no interior do estado de Ohio, nos Estados Unidos, e das tragédias e horrores que uma pessoa pode infringir a outra em nome do “bem”.


O Diabo de Cada Dia começa com Willard Russell (Bill Skarsgård), que volta para casa traumatizado depois da Segunda Guerra Mundial. A região é muito religiosa, com os habitantes sempre se guiando pelas palavras dos pastores e da intervenção Divina, o que faz com que a vida recheada de tragédias de Willard o moldem e culpe a Deus, trazendo todo esse peso aos ombros do filho Arvin (que mais velho é interpretado por Tom Holland) e outros ao redor.





O bom e o mal


A grande sacada de O Diabo de Cada Dia é mostrar o mal travestido de bom, principalmente num ambiente extremamente conservador do interior americano. Muitos personagens acham que estão fazendo o bem disfarçado na religião e nos bons costumes (ou sabem que não é bem assim, mas fazem da mesma maneira), só que verdade comentem atrocidades. O melhor exemplo desse comportamento é o papel de um excelente Robert Edward Pattinsson, que vive o reverendo Preston Teagardin.


Esse é um dos motivos pelos quais esse não é um filme para todo mundo. Eu gostei, mas é o tipo de longa que não quero assistir de novo. Recheado de maldade, tem muita violência, mas não do tipo que encontramos nas produções de Tarantino, que quase beiram o nonsense. Em O Diabo de Cada Dia ela é crua, real e nos deixa inquietos, pois é uma trama que poderia muito bem acontecer e isso é extremamente inquietante. Não é um filme que te deixa confortável assistindo, pelo contrário. Deixa uma sensação de estômago queimando e uma história que vai te deixar pensando nela durante um tempo. Ela acontece devagar – por isso no começou falei sobre “slow burning” – e tudo se conecta.





Donald Ray Pollock, autor da obra na qual o filme foi baseado, disse que apesar de parecer, não é uma história real. Ainda assim, inseriu muito do contexto próprio. Em uma entrevista, o escritor disse que fala muito sobre violência porque foi o viveu e presenciou. Nenhum assassinato, como no filme, mas muitas brigas, facadas e violência contra mulheres.



Elenco


Um dos maiores acertos de O Diabo de Cada Dia é o elenco. Além dos já citados Bill Skarsgård, Tom Holland e Robert Pattinson, estão na produção Sebastian Stan, Jason Clarke, Haley Bennett, Harry Melling, Mia Wasikowska e outros. Além disso, o próprio autor do livro é o narrador da trama, o que dá um ar ainda mais intimista a tudo.



Tom Holland mostra que tem muito mais profundidade, facetas e talento do que o Homem-Aranha (não estou criticando, até porque eu AMO!), assim como Robert Pattinson, com quem muita gente implica por causa de Crepúsculo, mas é um ator de alto gabarito. Bill Skarsgård é outro que nem precisa de elogios, já que é impecável em qualquer papel que faz.



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Muito bem dirigido, com uma produção extremamente bem feita, um roteiro rico e amarrado – ainda que um tanto perturbador – O Diabo de Cada Dia é um ótimo filme.


O original Netflix está disponível no catálogo desde setembro do ano passado.


Recomendo, mas não para todo mundo.


Teca Machado



5 comentários:

  1. Oi Teca, tudo bem?
    Já tinha visto críticas positivas a esse filme, mas a sua reacendeu em mim a vontade de assistir. Gosto muito de produções que mexam com a gente, mesmo que eu nunca mais pretenda ver uma segunda vez. E essa discussão sobre o "bem" que muitas religiões pregam de forma radical (sendo impulso pra várias maldades) também é importantíssima.
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

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  2. Oi, Teca
    Meu padrasto assistiu mas eu não tive coragem de ver por causa do tema proposto, que eu achei muito legal, ainda mais trazendo o Robert neste papel, mas eu sou meio traumatizada com esse tipo de enredo então preferi não conferir. Mas a crítica disse que a obra estava muito boa, então eu acho que foi uma boa aposta do diretor.
    Acho que o que pesa pra mim é o trato da religião, até porque sou bastante participativa da igreja e ás vezes fico surpresa com o quanto há maldade lá dentro, disfarçada das coisas que menos pensamos. É algo que nos deixa reflexivos, com certeza.
    Beijo
    https://www.capitulotreze.com.br/

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  3. Não cheguei a ver o filme completo, mas prometo terminar depois. Eu li o livro antes de ver o filme e adorei a leitura. Pelo que acompanhei da adaptação, também está bem fiel, com pequenas mudanças. Por mais que a história seja perturbadora, também gostei de como os personagens estiveram conectados e o final foi satisfatório.

    Bjs

    Imersão Literária

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  4. Ahhh, esse filme está na minha lista. Tinha até me esquecido dele, mas vou assistir, com certeza!

    =)

    Suelen Mattos
    ______________
    ROMANTIC GIRL

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  5. Confesso que me dá um certo medo desse tipo de filme.
    Big Beijos,
    Lulu on the sky

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