Carrie Soto Está de Volta, de Taylor Jenkins Reid – Resenha


Taylor Jenkins Reid é uma das minhas musas literárias. A conheci com Os Sete Maridos de Evelyn Hugo e desde então eu quero ler até a lista de compras que ela escrever. Gosto muito dos seus livros avulsos, mas os do “Taylorverso” são os preferidos.


Começou com Os Sete Maridos de Evelyn Hugo (resenha aqui) nos anos 1960, seguimos para a Daisy Jones & The Six (resenha aqui) nos anos 1970, depois fomos para Malibu Renasce (resenha aqui) nos anos 1980 e, enfim, chegamos nos anos 1990 com Carrie Soto Está de Volta. Todas as obras publicadas por aqui pela Editora Paralela, selo da Companhia das Letras, apresentam alguma conexão. Por exemplo, um dos maridos de Evelyn Hugo é Mick Riva, cantor mencionado em Daisy Jones e pai de Nina, de Malibu Renasce. Carrie Soto é namorada do ex-marido de Nina e Evelyn Hugo e banda Daisy Jones são citados diversas vezes nos outros livros. Não precisa ler todos e nem na ordem, mas é sempre legal seguir a cronologia.


O último publicado – e agora lido por mim – é Carrie Soto Está de Volta.


Foto @casosacasoselivros


Carrie Soto Está de Volta


Carrie Soto é a maior tenista de todos os tempos. Possui recordes quase imbatíveis e é uma lenda. Depois de uma cirurgia no joelho se aposentou. Aos 37 anos está vendo seu recorde ser igualado por Nicki Chan, uma promessa do tênis que deseja ser a maior. Carrie não aceita que roubem seu título, então junto com Javier, seu pai e treinador, decide voltar para as quadras e retomar aquilo que é seu, jogando os quatro grande slams do ano.


Mas a idade e o joelho estão cobrando seu preço. Carrie tem muitas vezes 20 anos a mais do que as adversárias e para que atinja a seu rendimento da época do auge é preciso muito sacrifício. Mas o maior problema é lutar contra o medo terrível de não vencer, de não ser a melhor, de tirarem dela tudo o que batalhou sua vida inteira.


Taylor Jenkins Reid

Carrie, imperfeita


Um dos maiores acertos de Taylor Jenkins Reid é criar personagens imperfeitos. Nenhum deles é totalmente correto, principalmente suas protagonistas (acho que talvez a Nina, de Malibu Renasce, seja a mais de boa). E se tem algo que Carrie Soto sabe ser é imperfeita. Não no tênis, porque no esporte ela é realmente sem defeitos, mas na vida privada ela é, na melhor das maneiras de descrever, uma criança birrenta.


Confesso que demorei a me conectar ao livro e comecei a curtir mesmo do meio para o final. Carrie não é gostável e faz questão de ser o mínimo possível, tanto em quadra quanto na vida pessoal. Isso acontece com outras personagens da autora, mas todas tem carisma que nos envolvem. Carrie não. Até porque ela entra num looping eterno de parecer uma adolescente que diz “mas eu quero!” o tempo inteiro e se lamentar.


A obra tem excelentes personagens secundários como Javier, responsável pela formação da filha e sua obsessão por vencer, e Nicky Chan, de quem eu gostaria te ter visto mais, inclusive um livro só dela. E ainda temos Bowe, jogador que como Carrie é mais velho, não tem o público a seu favor e deseja ganhar pelo menos um torneio naquele ano. E o seu arco dramático é muito bom e redondinho, assim como seu envolvimento com Carrie. É bacana, bonito, sem a autora pesar a mão e transformar a protagonista numa mulher fofa toda apaixonada, porque essa simplesmente não é ela. Taylor respeita os seus personagens e isso é lindo.



Mulheres no esporte


O livro é uma crítica valiosa ao papel da mulher no esporte, em como os homens sempre ganham mais destaque e como até lá as mulheres são objetificadas, já que ela é chamada de “vaca” por não ser só sorrisos, arrumadinha, linda e amável com as adversárias e a imprensa. Carrie sempre quis ganhar e apenas isso, o que inclusive a torna arrogante aos olhos dos outros. Enquanto homens com atitudes muito piores do que as dela têm muito pano passado para si.


Como eu não entendo grandes coisas de tênis precisei muitas vezes olhar no Google o que eram os jargões (backhand, ace, etc), mas isso não atrapalha a leitura. É, como todo livro da Taylor: Uma leitura fluida, interessante, envolvente e que te entretém ao mesmo tempo que faz pensar.


Mais um livro excelente da autora. Agora é esperar o que se passa nos anos 2000.


   


Recomendo muito. 


Teca Machado

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