As Viúvas - Crítica

Se tem Viola Davis e Liam Neeson no elenco, Steve McQueen (de 12 Anos de Escravidão) na direção e Gillian Flynn (autora de Garota Exemplar, um dos livros mais geniais que eu li já) no roteiro, pode ter certeza que vai ser um filme bom. Por isso mesmo sem ter visto nem ao menos o trailer, fui ao cinema assistir As Viúvas. E eu estava certa: O filme é muito bom! Com uma cena de abertura que mostra a força tanto do diretor quanto do enredo, a produção prende do início ao fim.


Inicialmente pode parecer que esse é apenas mais um filme de roubo. E roubo com mulheres, seguindo a onda de Oito Mulheres e Um Segredo. Mas As Viúvas é tão mais do que isso que é impossível comparar. Sim, há roubo na trama e mulheres que o realizam, mas há muito mais por trás disso, com uma história interessante, de empoderamento – ainda que sem levantar bandeira alguma do feminismo – e de se tornar protagonista da própria história em meio a homens fortes.

Logo após enterrar seu marido, Veronica (Viola Davis) recebe a visita de Jamal (Brian Tyree Henry), candidato a vereador de um distrito de Chicago. Segundo ele, Harry (Liam Nesson), falecido esposo dela, tinha uma quadrilha e morreu ao roubar U$ 2 milhões dele. Agora Veronica herdou a dívida e tem um mês para saldar o débito. Em posse de um caderno de Harry, onde explicava todos os golpes que já deu e que pretendia dar, ela vai atrás das outras viúvas, afirmando que juntas elas podem realizar um assalto que irá pagar a quantia e sobrar um bom montante para elas.



Por mais interessante que seja o roubo, a história das viúvas é muito mais instigante. Temos quatro mulheres diferentes – e mais uma que entra no grupo sob outras circunstâncias – que perdem com a morte do marido. Para começar, elas não sabiam ao certo o que eles faziam. Veronica tinha um casamento feliz, ainda que marcado por uma tragédia, e uma vida muito confortável financeiramente. Linda (Michelle Rodriguez) é mãe de dois filhos e vê sua loja ser tirada de si porque seu falecido marido a perdeu para o vício em jogo. Alice (Elizabeth Debicki) vivia um casamento abusivo e no qual dependia totalmente do marido, então passa a vender seu corpo para não perder o padrão. E Amanda (Carrie Coon) é uma dona de casa que ficou sozinha com um filho de quatro meses e não quer se envolver. E temos ainda Belle (Cynthia Erivo), que se torna a motorista do assalto. Logo no início McQueen criou uma montagem de cenas que mostra o assalto que deu errado e levou à morte dos cônjuges mesclada com a vida que levavam em família. Em poucos segundos o diretor e o roteiro mostram para o espectador o necessário para entender cada um dos núcleos. 

Ao mesmo tempo em que as mulheres se organizam, há q trama que envolve Jamal e Jack (Colin Farrell), também candidato a vereador, que é de família política, envolvido em corrupção. Apesar de parecer que tais histórias não se cruzam, elas são intrínsecas uma a outra e se amarram de maneira surpreendente.



O foco em As Viúvas são as mulheres. As protagonistas, principalmente Davis e Debicki, brilham. Elas crescem, se fortalecem e mostram que mesmo odiando tudo o que os maridos fizeram, não vão abaixar a cabeça para homens e sua vontade de intimidação. Viola Davis parece no mesmo papel de sempre, mas equilibrou uma mulher fria e racional, por vezes até mesmo grossa, com uma esposa que sofre e que tem um lado muito emocional, principalmente na relação com seu cachorrinho (um westie como o meu. Quase morri de paixão!). É um momento importante quando Veronica diz que elas irão fazer o roubo e ser bem-sucedidas porque ninguém acredita que são capazes. E elas são, com certeza são.

Além das quatro mulheres protagonistas, temos uma atuação sólida, ainda que curta, de Liam Neeson e Colin Farrell. E Daniel Kaluuya, de Corra!, mostra um lado psicopata e terrível. Sempre que ele estava em tela eu ficava muito nervosa, prova de que é um excelente ator.



As Viúvas mistura ação, reviravoltas, roubo, política, relacionamentos, momentos de tensão e mulheres incríveis. Mas a produção ainda toca em temas importantes, mesmo que por vezes de forma sutil. Há racismo, relação inter-racial, o estereótipo do negro pobre, a facilidade da compra de armas nos EUA, a violência policial contra negros e mães solteiras que precisam deixar seus filhos em casa para cuidar dos filhos de outras pessoas.

É um excelente filme que está sendo cotado ao Oscar, principalmente por roteiro, pela atuação de Viola – maravilhosa - Davis e direção de McQueen.



O filme se passa em Chicago, uma cidade linda e que muitas vezes fica fora do roteiro de viagem de quem visita os EUA. E eu posso dizer por experiência própria que é um dos lugares mais bonitos onde já fui. Vale a pena, viu? Se quiser passar uns dias por lá e reservar um hotel em Chicago é só pesquisar aqui as melhores opções.

Recomendo muito.

Teca Machado

6 comentários:

  1. Oi Teca, estou morrendo de vontade de assistir, mas ainda não tive tempo. Acho que o longa merecia mais divulgação por aqui!! Que bom que vc curtiu!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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    1. Mi, é beeeeem legal!
      Ele realmente merecia mais marketing.

      Beijooos

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  2. Oi Teca!
    Preciso MUITO desse filme na minha vida ♥
    Tem cara de estar realmente incrível, e esse pessoal envolvido por si só já é um acontecimento!
    Bjs
    http://acolecionadoradehistorias.blogspot.com

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    1. Carol, sabe quando você vai sem expectativas e encontra um filme ótimo?
      Foi assim!

      Beijoooos

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  3. Olá!
    Ainda não consegui ir ao cinema para assistir esse filme (e nem sei se irei, provavelmente não), mas eu quero muuuuito assisti-lo! Esse elenco está maravilhoso e com certeza merece um Oscar. Vamos torcer!
    Beijos

    our-constellations.blogspot.com

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    1. Oi, Ana!
      Indo ao cinema ou não vale a pena assisti esse filme.
      O elenco é um dos pontos mais fortes da história.

      Beijooos

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