Radioatividade - Crítica


Com certeza você já ouviu falar sobre Marie Curie. A química e física polonesa, que imigrou para Paris, foi a responsável pela descoberta da radioatividade e por elementos da tabela periódica. Além disso, foi a primeira mulher a ganhar o Prêmio Nobel, sendo também a primeira pessoa e a única mulher a ganhá-lo duas vezes. Além disso, foi até hoje a única pessoa a ser premiada pelo Nobel em dois campos científicos diferentes. Como se isso não fosse o bastante, Curie foi a primeira mulher a se tornar professora na Universidade de Paris. Além de extraordinária na vida profissional, a química teve uma conturbada e interessante vida pessoal. E é sobre sua trajetória que trata o filme Radioatividade, da diretora Marjane Satrapi, disponível na Netflix.



Radioatividade


Com a sempre maravilhosa Rosamund Pike no papel de Marie Curie, acompanhamos a cientista desde os seus dias de imigrante pobre lutando contra a universidade para que respeitassem seu espaço e suas pesquisas. Até que outro estudioso, Pierre (Sam Riley), se interessa tanto pela sua mente quanto pela sua pessoa. Assim, Marie e Pierre se casam e se tornam o casal que tanto fez pela ciência.


Inteligentíssima, arrogante e extremamente capaz, Marie, tanto sozinha quanto junto ao marido, foi uma cientista de proporções avassaladoras. Em um mundo machista – Europa do final do século XIX e início do século XXI -, xenófobo (foi chamada de judia imunda, sendo que nem judia era, e as pessoas de Paris mandavam que voltasse para a Polônia) e com tantos outros entraves, Curie conseguiu prosperar e é um nome celebrado até hoje, uma das mais importantes cientistas da História.




Marie e Pierre


O filme é de 2019 e seria lançado mundialmente ano passado, mas devido a pandemia foi direto para a Netflix, sem muito alarde. Ele é baseado na HQ Radioactive: Marie & Pierre Curie: A Tale of Love and Fallout, de Lauren Redniss. E a diretora Marjane Satrapi tem experiência com o gênero. Ela é a autora e diretora de Persépolis (resenha do livro aqui) e Chicken With Plums, ambas HQs escritas por ela e transformadas em filme. Um dos responsáveis pelo roteiro de Radioatividade foi Jack Thorne. E se você é fã de Harry Potter já ouviu esse nome antes: ele é o criador da peça Harry Potter e a Criança Amaldiçoada.



É difícil falar de Marie sem falar de Pierre. Ambos se completavam e se desafiavam intelectualmente. Um tornava o outro cientista melhor. E o filme foca muito na relação entre eles, o que pode parecer que aumentaram para que ficasse mais cinematográfico, mas fatos e pesquisas sobre o casal dizem que essa conexão e amor tão grande entre eles era realmente real.


Só que pelo que pesquisei, em outros aspectos, o roteiro deu uma aumentada – ou diminuída – na história. Mas isso é o normal quando falamos sobre biografias.




Mesmo tendo isso em mente, para mim pareceu que ficou faltando algo em Radioatividade. As descobertas científicas não tiveram tanto destaque e nem foi mostrado como chegaram até elas. A impressão que ficou é a de que Curie não foi tão exaltada quanto merecia, ainda que o filme seja todinho sobre ela, sua genialidade e seu gênio.


Chernobyl e bomba atômica


Um dos erros de Radioatividade foi inserir fatos como a bomba atômica e o problema de Chernobyl. Sabemos que tudo isso – além de tratamentos de radioterapia - aconteceu devido a radioatividade. Mas a maneira como foi colocado dá a entender que a “culpa” foi de Marie Curie, principalmente porque no enredo era um momento em que a população da época apontava problemas de saúde por causa do rádio e seus usos. E, para mim, isso pareceu diminuir um pouco quem foi essa extraordinária mulher.


Além disso, sempre que esses trechos de futuro aparecem, senti uma quebra do enredo.


Apesar desse ponto negativo, Radioatividade é um filme muito bom. Poderia ser melhor, mas é interessante, mostra uma cientista incrível e suas descobertas, os percalços que passou por causa do seu trabalho e da sua vida pessoal e como uma mente genial pode mudar o mundo. E Rosamund Pike, como sempre, magnífica. Ela é uma atriz que não se pode colocar defeito e aqui mais uma vez se entregou completamente ao papel e viveu intensamente Maria Curie.




Agora uma curiosidade sobre Curie:


Já se passou mais de um século, mas os seus papeis, objetos e itens dos experimentos com rádio ainda são radioativos e perigosos. Tudo fica lacrado em caixas seguras e quem deseja manusear os artefatos precisa usar roupas com proteção especial. Marie, sua filha e seu genro morreram de complicações devido aos efeitos da radiação. Pierre foi por outro motivo, mas se não fosse o caso, ele também sofreria do mesmo mal.


Recomendo.


Teca Machado


2 comentários:

  1. Vi na Netflix esse filme, mas não dei muita bola. Vou assisti-lo.

    Boa semana!

    Jovem Jornalista
    Instagram

    Até mais, Emerson Garcia

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  2. Olá...
    Sim, já ouvi falar na Marie Curie... Ainda não tinha ouvido falar desse filme, mas, pelas fotos e suas considerações me deu muita vontade de assistir!
    Vou anotar sua dica aqui ;)
    bjo

    http://coisasdediane.blogspot.com/

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