Graça e Fúria - Resenha


Uma frase que pode descrever Graça e Fúria, de Tracy Banghart, é “mulheres fortes inspiram medo”.

Foto @casosacasoselivros

Em tempos de histórias como O Conto da Aia (The Handmaid’s Tale), de Margareth Atwood, vemos a importância de quando mulheres são resistência e lutam contra o domínio masculino que as inferiorizam. Vemos no mundo real sociedades em que elas são tratadas como nada, assim como livros e filmes. E Graça e Fúria, que recebi da Editora Seguinte (Companhia das Letras), segue essa premissa de forma envolvente. 

No reino de Virídia, as mulheres não podem aprender a ler e escrever, não podem escolher seus maridos, não têm voz. Suas únicas opções são trabalhar em fábricas, serem criadas ou aias. A não ser aquelas mais bonitas e delicadas, que treinam a vida inteira para serem Graças. O superior, rei nesse universo, a cada ano escolhe três Graças, mulheres para servi-lo, construindo assim um harém.

Tracy Banghart
É uma honra e uma vida de luxo que dificilmente conheceriam em outro lugar. Serina é uma garota que nasceu para o cargo. Sua vida foi dedicada a ser a melhor Graça possível. Já sua irmã Nomi nunca entendeu essa obsessão. Ela é uma rebelde. Aprendeu a ler escondido, não aceita as regras e deseja ardentemente poder fazer tudo o que seu irmão gêmeo faz. E então Serina vai para a primeira seleção de Graças do herdeiro, com Nomi como sua aia. Mas ele faz o impensável: escolhe Nomi ao invés de Serina, que acaba sendo enviada para a prisão. As duas irmãs, então, se veem presas numa vida que não desejam.

Graça e Fúria é um young adult bem empoderado. Quando comecei a ler imaginei que iria gostar da leitura. A capa, apesar de bonita, não me chamou tanto a atenção, me passou um ar quase infantil. Ainda assim, fiquei curiosa e havia visto uma resenha muito positiva. Então escolhi como a leitura da vez e posso dizer que não me arrependi nem um pouco. Depois das primeiras 40 páginas, que não me envolveram muito porque estava inserindo o contexto e o universo ao leitor, devorei o livro em poucos dias.

De início você pensa que vai se apaixonar apenas pelo espírito rebelde e desafiador de Nomi e que Serina será uma personagem chata que teremos que engolir (me lembrou Sansa no início de Game of Thrones). Mas com o passar dos capítulos, ambas as garotas precisam de moldar para sobreviver, ao mesmo tempo que sentem a necessidade de mudar, de alguma maneira, a realidade das mulheres de Virídia. E assim é impossível não gostar das duas, talvez um pouco mais de Serina porque sua situação é pior e o seu crescimento maior.

As personagens são muito bem trabalhadas, assim como o ambiente em que cada uma está inserida. É um contraste muito grande. Enquanto Nomi quase se afoga em rendas e sedas, se sente presa no meio do luxo e fartura, Serina está num inferno na terra, lutando para ter o que comer e beber, mas de certa forma livre de todas as obrigações que foi imposta durante a vida. E ainda há os personagens secundários, que são bem interessantes. As mulheres presas com Serina são um ponto forte do livro, assim como Val, o guarda que está sempre por perto. E no núcleo de Nomi não podemos deixar de destacar o herdeiro, Asa, seu irmão mais novo, e Maris, uma das outras Graças.

Frase de abertura de Graça e Fúria

Ainda que com alguns clichês do gênero, como um triângulo amoroso – mas não se preocupe, isso está longe de ser o foco ou ter muito destaque na história -, e o crescimento principalmente de Serina, Graça e Fúria tem plot twists e reviravoltas, algumas surpreendentes e outras nem tanto. Me envolvi totalmente na história das irmãs e não conseguia parar de ler, principalmente nas páginas finais.

E por falar nisso, ai, céus! Tracy Banghart nos deixa um cliffhanger daqueles dos mais absurdos possíveis e tudo o que eu consegui pensar por uns dois dias foi “eu preciso logo do segundo livro”, que felizmente está quase sendo lançado lá fora e em breve a editora deve trazer para nós.

Graça e Fúria é feminista, empoderado, cheio de girl power, envolvente e ótimo. É uma daquelas leituras que te deixa feliz por existir a literatura e não viver em Virídia, onde se você for mulher nunca poderia ler.


Recomendo bastante.

Teca Machado

22 comentários:

  1. Olá!
    Você começou a resenha com O Conto da Aia e eu já amei. Não tinha ideia que o livro falava sobre isso, foi uma surpresa. Amo histórias com esse tipo de assunto porque é necessário e faz pensar, apesar de ser bem claustrofobico. Vou confessar que a capa não me interessou tanto, mas depois dessa resenha e dessa história que acabei de descobrir, quem se importa? Com certeza eu irei ler!
    Beijos

    Our Constellations

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    1. Oi, Ana!
      Assim como você, a capa não me chamou a atenção, mas uau, que livro!
      Vale a pena demais.
      Você vai gostar.

      Beijoooos

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  2. Oi Teca,
    Adorei a resenha e fiquei ainda mais animada pra ler.
    Imagino o horror e raiva que irei passar diante de algumas dessas situações, o mesmo quando assisto The Handmaid's Tale, mas o pior é que muitas dessas abordagens soam tão real que dá uma tristeza maior.
    Também acho a capa linda. Espero ler em breve e amar!

    até mais,
    Nana e Leticia - Canto Cultzíneo

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    1. Oi, Nana!
      Nossa, a gente vai ficando com raiva total desses situações.
      É bem triste, mas muito necessário.
      Esse livro é incrível!

      Beijooos

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  3. Oi, Teca!
    Menina, eu até queria ler esse livro, mas vou esperar o hype passar um pouco. Fora que essa capa realmente passa a intenção de que ele é infantil..
    Beijos
    Balaio de Babados
    Natal Literário 2018: 5 kits, 10 ganhadores. Participe!

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    1. Lu, esquece a capa e se jogar no livro.
      Gostei demaaaaaaaais!

      Beijoooos

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  4. Super amei *-*

    Beijos,
    www.thalitamaia.com

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  5. Oi Teca,
    Esse livro está na minha lista de desejados há algum tempo, mas eu ainda não consegui comprá-lo. Acho que vou devorar! Tem tudo o que eu gosto e essa coisa de emponderamento é tão necessária nos dias de hoje. QUERO!!!!
    P.S.: Li sua crítica de Aquaman e não vejo a hora de ver o filme, vou na terça *-*
    Beijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com/

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  6. Oi Teca! Adorei a resenha!
    Esse livro já está na minha listinha, mas ainda não consegui adquirir. Estou de olho nele! *-*
    Que frase de abertura, hein? Precisamos de mais livros assim!
    Bjs
    http://acolecionadoradehistorias.blogspot.com

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    1. Carol, fica de olho mesmo.
      Não deixe esse livro passar.
      :D

      Beijooos

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  7. Oi Teca,

    Esse livro está na minha lista de leitura desde que saiu. Sabia que era bom.
    Só estou esperando uma promoçãozinha para comprar.
    Bjs e uma boa semana!
    Diário dos Livros
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  8. Oi Teca, tudo bem?
    Uau, adorei essa dica! Achei incrível que duas protagonistas fortes - cada uma a seu modo - sejam bem trabalhadas. Já fiquei morrendo de vontade de conferir!
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

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    1. Oi, Priih!
      São duas protagonistas muito diferentes, mas fortes para caramba.
      Vale a pena, viu?

      Beijooos

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  9. Oi, Teca

    Eu recebi o livro há algumas semanas e fiquei super animada, pois li resenhas maravilhosas e sua só veio acrescentar mais.
    Essa capa também me passa essa coisa mais infantil, acho que a história merecia uma capa melhor, mas o importante é o conteúdo que pelo visto vai ser uma leitura e tanto, estou ansiosa!

    Beijos
    - Tami
    https://www.meuepilogo.com

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    1. Tami, a capa estrangeira é muito mais bonita.
      Mas a história é incrível, então a gente releva.
      :D

      Beijooos

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  10. Se eu não me engano já li outra resenha sobre esse livro e fiquei muito entusiasmada para conhecer a história, por incrível que pareça eu amei a capa, achei os detalhes lindos e não me lembrou história infantil.

    www.kailagarcia.com

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    1. Kaila, eu achei linda a capa, mas passa uma impressão mais doce do livro, sabe?
      Ele é muito mais do que isso.
      E a história é incrível. Leia que você vai gostar.

      Beijooos

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  11. Oi, Teca
    Eu queria muito ter recebido esse livro da editora, infelizmente não fui uma das escolhidas mas quero muito ler por causa do tema e por trazer essa diferença de personalidades entre as irmãs, além de mostrar o empoderamento feminino em uma sociedade machista de época. Já quero pra ontem!

    Beijo
    http://www.capitulotreze.com.br/

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    1. Aaah, que pena, Mika!
      Mas quando puder, leia. Você vai gostar, tenho certeza.
      É incrível e super girl power.

      Beijoooos

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