Coringa - Crítica


Eu nunca gostei de palhaços.

Meu pai fala que até hoje eu tenho medo deles. 

Mas medo não é a palavra certa. Aversão é mais assertivo.

Mas, confesso que depois de Coringa, do diretor Todd Phillips, voltei a ter medo de palhaços.


Brincadeiras à parte, Coringa é espetacular. Só pelo trailer e pelas primeiras imagens que vimos nos últimos meses já dava para saber que Joaquin Phoenix, na pele de um dos maiores vilões do Batman, está deslumbrante. E ao assistir ao filme isso fica ainda mais claro. É muito difícil que algum outro ator esse ano tenha se entregado tanto a um personagem e vivido o papel com tanto esmero. Se ele não ganhar o Oscar (e o filme não for indicado em outras categorias), claramente será preconceito da Academia aos filmes de heróis – ainda que herói seja a palavra exatamente oposta para descrever a produção.

Coringa é menos deprimente do que eu achei que seria, mas é muito mais perturbador do que eu estava esperando. É possível se sentir desconfortável do primeiro ao último minuto, mas é extraordinário.



Coringa mostra a jornada de Arthur Fleck (Phoenix), um palhaço/comediante com graves transtornos psicológicos cujos problemas se agravam por ser considerado um pária em uma sociedade à beira do caos. Tudo o leva a se tornar o Coringa.

O que difere o Coringa de Phoenix de outros é a construção do personagem e o fato de ser um filme solo. O vilão sempre foi o antagonista da história, coadjuvante do justiceiro morcego. Mas agora a produção é focada apenas nele e em toda a sua construção psicológica e pessoal. E que construção! A vertiginosa queda de Arthur Fleck é algo insano. Há toda uma crítica social e psicológica no filme, que nos faz pensar em como governos e pessoas tratam indivíduos como o protagonista.



Essa não é a primeira vez que a DC faz um filme sobre vilões. Esquadrão Suicida foi a primeira tentativa do estúdio – e tinha até o Coringa, mas, convenhamos, não deu muito certo. Um dos maiores problemas da produção foi tentar transformar os personagens em pessoas que eram más, mas que tinham um porquê, ao ponto de você sentir compaixão. Em Coringa sentimos compaixão, claro, já que Fleck é um homem totalmente quebrado, principalmente pelas pessoas ao seu redor. Mas em hora nenhum o enredo busca a sua redenção. Ele é o que é, simples assim, e o público vê o seu pior lado e pronto: sem redenção, sem um final feliz, sem pedir perdão. E isso é um dos maiores acerto do diretor, que também foi roteirista.

Apesar de parecer contraditório, Coringa é um filme muito poético. A trilha sonora espetacular, as danças feitas por Phoenix em momentos assertivos, as cores sombrias que Gotham sempre teve mescladas com as cores quentes do palhaço brigam e se complementam. Há uma mistura de complexidade e simbolismo em todo o tempo. E ao mesmo tempo que nos incomoda, nos instiga a continuar a assistir.


Mas mesmo com toda a poesia que traz, é um filme violento. Explicitamente em muitos momentos. E, não sei se com vocês que já assistiram foi assim, mas eu dei pulos de susto e até fechei os olhos em alguns momentos. Por isso e por tantos outros motivos Coringa tem censura 18 anos.

Coringa é nada menos do que excepcional e vale cada centavo da ida ao cinema.

Recomendo muito.

Teca Machado

P.S.: Phoenix está indescritível, mas meu Coringa preferido ainda é do Heath Ledger. E o de vocês?

2 comentários:

  1. Oi, Teca como vai? Esse coringa é satisfatório, pelo menos para este que vos escreve. Teve alguns elementos e situações nesse filme que me desagradaram, mas o filme não é ruim, apesar que poderia perfeitamente ser melhor em alguns pontos. Sobre sua pergunta ao final da postagem. Meu coringa preferido é Heath Ledger. Acredito que não haverá coringa superior ao que eu citei, o que o torna o meu preferido disparado. Ah, não tenho medo e nem aversão à palhaço. Abraço!


    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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  2. Confesso que nunca gostei de palhaços, nem de filmes nesse estilo. Mas, para quem gosta, parece que o filme foi bom!

    https://www.kailagarcia.com

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