Nada a Esconder – Crítica


Você participaria de um jogo em que num jantar todos tivessem que colocar os celulares na mesa e todas as mensagens, e-mails, fotos, notificações e telefonemas que chegassem tivessem que ser lidos e respondidos em voz alta? Afinal, quem é você dentro do seu celular? Essa é a premissa de Nada a Esconder, filme francês do diretor Fred Cavayé, disponível na Netflix.


Quinta versão de um filme italiano chamado Perfetti Sconosciuti (que dizem sem melhor ainda), a produção é tragicômica. Amigos e casais que se conhecem há décadas começam a descobrir segredos, traições e atitudes uns dos outros que irão afetar verdadeiramente o grupo. Dentro dos telefones vivemos vidas paralelas que muitas vezes não condizem com o nosso eu que a sociedade conhece. Mas, afinal das contas, quem é o seu real? A perigosa caixa de Pandora foi aberta e é impossível contê-la.

São revelações tocantes, chocantes e absurdas, que deixam o espectador sem acreditar nas dinâmicas que existem nesse grupo íntimo e aparentemente muito unido. Nenhum deles escapa das ações do jogo e tem algo sobre si revelado. Alguns segredos são mais leves e com pequenas consequências, outros são tudo menos insignificantes. Há muitas reviravoltas e plot twists que nos deixam de boca aberta. O roteiro é um dos maiores acertos do filme.



O começo é um pouco lento, mas necessário para nós inserir no universo desses amigos e entender a relação entre eles. Mas depois o ritmo fica mais frenético, ainda que o filme tenha poucos atores e menos cenários ainda. E esse que é o grande trunfo de Nada a Esconder: o elenco, que conta com Bérénice Bejo, Vincent Elbaz, Suzanne Clément, Roschdy Zem, Doria Tiller, Grégory Gadebois e Stéphane De Groodt. Eles são carismáticos e conseguimos nos identificar com os personagens, fora que trabalham muito bem. Passam dos momentos leves aos mais tensos sem pestanejar ou perder o ritmo. Há química entre eles e é possível ver isso em tela. Os mais conhecidos do público fora da França são Bérénice Bejo, a argentina que ficou conhecida em 2011 com o filme O Artista, pelo qual concorreu ao Oscar, e Vincent Elbaz, de Eu Não Sou Um Homem Fácil, outro filme francês que ganhou fama na Netflix.

Muita gente disse que o único problema de Nada a Esconder foi o final.

Calma, não vou dar spoiler.



E apesar de ter achado esse fim razoavelmente bom, acredito que foi uma fuga fácil de roteiro, que não condiz tanto com o que aconteceu. Tudo poderia ter sido melhor explorado, mas ainda assim o filme não perdeu a qualidade por causa disso e nos apresenta um desfecho inovador.

Nada a Esconder é excelente e traz muita reflexão sobre o uso do celular e de segredos. Quem somos nós realmente quando estamos atrás dessas telas brilhantes que carregam hoje nossa vida? Se alguém ler suas mensagens, ver suas fotos e atender suas ligações vai ter enxergar de outra forma?



É aquele filme que invariavelmente te faz pensar se realmente conhece aqueles com quem divide sua vida, sejam amigos, sejam filhos, sejam cônjuges. Se você é do tipo que vira a cara para filmes franceses, não faça isso com Nada a Esconder.

Recomendo muito.

Teca Machado

7 comentários:

  1. suuuuuuuuuper bacana sua indicação Teca! eu vi esse filme e adorei, é mesmo cheio de reviravoltas e com certeza nos faz parar pra pensar

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  2. Muito interessante esses questionamentos que vai trazer da tecnologia, uso do celular. Muito interessante sua indicação!

    www.vivendosentimentos.com.br

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  3. Acredito que a dinâmica do filme se passe no inconsciente de cada personagem. Afinal de contas o eclipse está acontecendo numa Lua Cheia, onde movimenta memórias psíquicas fortes,mas não naquele momento elas virão a tona.

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  4. O Vincent, dono da casa, foi maravilhoso ao falar c sua filha adolescente, sóq ele deveria pedir consetimento a ela em falar a mesa ou se afastar para falar!

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