Festival Afeganistão: A Cidade do Sol


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Continuando o Festival Afeganistão que comecei ontem falando sobre O Caçador de Pipas, de Khaled Housseini, hoje o post é sobre o segundo, e melhor, livro do autor: A Cidade do Sol.


Para começar, o título do livro não é ruim, mas podia ser melhor. É que a tradução não foi tão boa quanto o original, que seria Mil Sóis Esplendidos. Muito mais tchan, né? Ainda mais que esse nome é devido a um poema (Os afegãos adoram os seus poemas!) que fala das maravilhas de Cabul: “Não se podem contar as luas que brilham em seus telhados, Nem os mil sóis esplêndidos que se escondem por trás de seus muros”, Saib-e-Tabrizi.

A Cidade do Sol pode ser dividido em três histórias: A de Mariam, a de Laila e a de Mariam e Laila. 

Mariam, quando jovem, morava com a mãe, que era solteira, um dos maiores pecados para uma mulher nos países árabes. Vivia numa pequena vila. Quando tinha apenas 15 anos, a mãe morre e o seu pai, que nunca foi próximo, se vê com a responsabilidade de cuidar da menina. A solução mais fácil foi dá-la em casamento a Rashid, um homem com 45 anos. Na época que o livro se passa, ela já está com 33, mas em flashbacks ficamos sabendo do seu passado.

Laila teve uma infância completamente diferente. Filha de um professor universitário, ela sempre escutou que podia ser e fazer o que quisesse, que as mulheres mereciam um lugar de respeito na sociedade e que estava destinada a coisas grandiosas. Aos 14 anos, idade que tem no momento da narrativa, seu melhor amigo é Tariq e ambos acreditam ter futuros brilhantes. Mas quando a guerra do Afeganistão bate à sua porta, sua vida dá um giro de 180° num sentido nada agradável e ela se vê à merce da vontade de outras pessoas. E é em Mariam que encontra um pequeno alívio para o seu inferno pessoal.

As vidas de Laila e Mariam se entrelaçam de maneira profunda e inseparável e elas passam a ser uma o abrigo da outra, mesmo com a diferença de idade tão grande. E, olha, essas duas passam por maus bocados, do tipo que enche os seus olhos de lágrimas o tempo todo. Chorei igual uma criança em grande parte do livro.

Khaled Housseini

Uma das coisas que mais marcam em A Cidade do Sol é que a história não é literalmente real, mas ao mesmo tempo é. Laila e Mariam não existem, mas muitas mulheres passam, passaram ou vão passar por todo o sofrimento que as personagens enfrentaram. Por isso que é tão difícil segurar as lágrimas.

Khaled Housseini merece um beijo por criar personagens tão fortes, tão guerreiras (Por  mais que eu ache essa palavra brega, não tinha outra que encaixava melhor para essas duas protagonistas). Mariam é uma rocha e Laila é inesquecível. O leitor sente a dor delas. Por mais que viva em uma realidade completamente diferente, é impossível não se solidarizar.

A escrita vai fluindo e, quando você percebe, já terminou o livro e está quase se afogando nas próprias lágrimas. A Cidade do Sol é um livro sobre cumplicidade, amizade, amor e, acima de tudo, esperança.

Não sei se é porque é sobre mulheres, mas na minha opinião A Cidade do Sol é bem melhor do que O Caçador de Pipas.

Recomendo.

Amanhã: Último livro de Khaled Rousseini, O Silêncio das Montanhas.

Teca Machado

Um comentário:

  1. Legal seu post! Mas é preciso atentar-se à diferenciação entre os termos "árabe" e "muçulmano". Acredito que vc tenha deixado implícito que o Afeganistão é um país árabe quando ele não o é, é apenas muçulmano.

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