Carrie, o retorno em 2013


Quando eu era pequena, ouvia minha mãe dizer que Carrie – A Estranha, de 1976, do diretor Brian DePalma, era simplesmente aterrorizante. Nunca gostei de filmes de terror, por isso não me interessava muito. Até que um dia, numas férias em que eu não tinha nada para fazer, passou na televisão e eu assisti. Confesso que isso tem mais de dez anos e eu não lembro bem da história (Tirando as famosas cenas do baile), mas o que recordo é que não fiquei apavorada. Não me deu medo. Talvez porque eu cresci numa época cinematográfica diferente dos meus pais, talvez porque eu já sabia o final. Mas não assustei. E também não me assustei com o novo Carrie, da diretora Kimberly Pierce, que estreou no cinema semana passada.


Acho que todo mundo conhece a história do filme, que foi baseado no livro homônimo de Stephen King. Mas vou dar um resumão para quem não sabe: Carrie era muito estranha. Filha de uma mãe religiosa ao extremo (Não extremo bom, extremo louca mesmo), foi criada sem saber nada sobre o mundo. Tanto que quando fica menstruada na escola, na frente de um monte de garotas populares, nem ao mesmo sabe do que se trata. Sempre sofreu gozações e chacotas e o que mais deseja é passar despercebida e ser normal. Mas normal é o que ela menos é, já que tem poderes psíquicos, principalmente telecinesia. Quando o garoto mais popular do colégio a chama para a formatura, ela acha que a sua vida vai mudar. E muda mesmo, mas não como ela tinha em mente.

Carrie e a mãe doida

Apesar de não dar medo e de abusar de cenas de morte em câmera lenta (Oi, filmes da série Premonição!), eu gostei de Carrie (Ó, que novidade, né?). A Marcinha, minha companheira de cinema quase semanal, não gostou muito. Achou meio Sessão da Tarde. E não tiro a razão dela. É quase um filme para adolescentes, ainda mais que o tema principal é bullying.

Ida ao baile

Na Folha de São Paulo, o crítico Ricardo Calil escreveu exatamente o que eu senti: “De Palma podia fazer um filme sobre adolescentes tratando os espectadores como adultos. Hoje, Peirce não pode fazer o mesmo. Como o público médio diminuiu de idade, Hollywood acredita que é preciso infantilizar seus produtos. E, por isso, temos aqui uma adaptação mais didática, explícita e excessiva”. 

Cena da menstruação que foi parar na internet

A Carrie dessa nova versão é a Chloë Grace Moretz. Ela trabalha bem, é competente. As narinas dela até abrem quando ela está brava e assustada, os olhos quase constantemente arregalados. Mas ela não me convenceu muito porque é bonitinha demais para ser a Carrie (A Sissy Spacek, do original, era muito feia). Não me passou tanta fragilidade e estranheza. Ainda mais quando numa cena seu cabelo está desgrenhado e na seguinte, cinco minutos depois, quando descobre seus poderes e tem aquela sensação de “posso dominar o mundo”, suas madeixas ficam lisas, hidratadas e lindas.

Todos sempre rindo dela

A fatídica cena do baile é muito boa. Bem malvada, com mortes meio sádicas e bastante efeitos especiais. Chloë Grace Moretz dá intensidade ao papel, os gestos “tortos” e olhos esbugalhados trazem incômodo. Vale ver o filme nem que seja por essa sequência.

Weird

Julianne Moore é Margareth, a mãe de Carrie. Ela deu um show. Eu fiquei com medo dela. É a loucura no formato de gente. Gabriella Wilde é Sue, a popular boazinha que tenta ajudar Carrie. Ela é linda! Portia Doubleday é Chris, a malvada. Ansel Elgort (Que vai fazer o Gus no filme do livro A Culpa é das Estrelas *-*), é Tommy, que leva Carrie ao baile e era o John Travolta na versão original. Ele é muito gracinha. Gamei.

Tommy e Sue

O que meio que me incomodou em Carrie (E incomodou muito a Marcinha) foi que tentaram humanizar a protagonista e deixar ela uma boazinha que surtou. A Carrie antiga é doida. Não tentam achar a veia humana dela no filme. É, simples assim. Já nesse, ela era boa. Como diz Sue num determinado momento, Carrie foi uma pessoa forçada em abusos até o seu limite e uma hora “quebrou”. Vilanizaram a mãe ao extremo e deram uma amenizada nela.

Falei meio mal, mas o filme é bom. Eu gostei e recomendo.

Teca Machado

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