Tudo é uma questão de percepção de tempo e espaço



Quando eu era pequena achava que o meu pai era uma das pessoas mais altas do mundo. A gente caminhava lado a lado e as pernas dele eram tão compridas, tão maiores do que as minhas. Eu tentava acompanhar o passo, mas o dele era sempre maior, então eu tinha que andar bem mais para percorrer a mesma distância. Eu cresci e não fiquei exatamente baixinha. Tenho 1,70. Não sou pequena, não sou alta (Apesar de que eu praticamente só tenho amigas com 1,60 para baixo, o que me faz sentir uma girafa de vez em quando) e hoje vejo que ele não era tão alto assim: 1,80. Se estou com salto, a gente fica do mesmo tamanho. O tamanho físico era só uma questão de percepção.

Quando somos crianças, nossa noção de realidade é tão diferente. Tudo parece tão grande, tão demorado, tão distante, não é mesmo? 

As tardes na escola pareciam horas infinitas. Cinco aulas de cinquenta minutos cada eram uma tortura. 50 minutos era muito tempo! Hoje uma tarde passa voando, principalmente se você tem muito o que fazer no trabalho. O tempo que antes era enorme na escola, hoje parece muito pouco. Muito pouco mesmo.

O ano demorava praticamente um século para passar. O Natal sempre estava tão longe! Eram meses e meses de espera para encontrar minha família em MG, para escolher os presentes e para chegar aquela época do ano cheia de luzes coloridas e pessoas sorridentes. Hoje, na casa dos 20 anos, uma das frases que uso bastante é: “Caramba. Já é Natal de novo?”.

Nossos marcos de locais da infância também são diferentes depois que a gente cresce. Quando tinha uns seis, sete anos, fazia natação em um clube da minha cidade. Passei uns cinco anos indo lá três vezes por semana. A piscina era enorme e fundíssima, o salão de festas gigante era palco de brincadeiras pós aula de natação, os campos de futebol e pés de amora eram o nosso paraíso particular. Essa semana, por causa do trabalho, fiz um tour pelos clubes da cidade e fui até lá. Na minha mente, ainda era um local vasto, bem cuidado e cheio de refúgios. Mas não é mais assim. Além de estar literalmente abandonado e destruído, ele não era tão grande quanto eu me lembrava. Na verdade, é pequeno. A piscina apenas semiolímpica, o salão para umas 300 pessoas, no máximo, e os campos e pés de amoras eram num espaço apertado. Eu que era pequena ou o lugar que era maior?

Por mais bobo que isso tudo pareça, essa visita me fez refletir um pouco sobre o ritmo da vida, sobre a nossa percepção de realidade. Antes tudo era grande e lento. Hoje tudo é alucinante e relativamente menor. E isso porque eu ainda tenho 25 anos. Como será quando eu tiver 40? E 60? E 80? E 110? (Não sei vocês, mas eu pretendo viver bastante assim). Tudo mais rápido? Tudo mais devagar? Tudo parado no tempo?

Essa aceleração foi por causa da idade ou porque o mundo entrou em outra velocidade devido a internet e aos meios de comunicação? Sou só eu ou outras pessoas se sentem assim de vez em quando?

No fim das contas, acho que foi um pouco de todas essas coisas. Eu cresci, o mundo mudou, o planeta girou várias vezes ao redor do sol e cá estou eu de novo, no final de novembro. E a frase que mais tem passado na minha cabeça (Além de “AI, MEU DEUS! MEUS LIVROS CHEGARAM!”) é: “Caramba. Já é Natal de novo?”.

Teca Machado

Um comentário:

  1. Teca, outro texto maravilhoso! Me identifiquei com muitas das coisas que você falou, de rever espaços da infância (antes tão grandes), daquela aulas demoradas, e hoje em dia uma manhã se foi num piscar de olhos! e de fato, já é natal! não gosto disso pq tenho a impressão de que estou ficando velha muito rápido kkkk

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