O Círculo: Muito potencial num roteiro fraco


Sabe aquele filme que tem tudo para ser ótimo, uma história que pode ser explorada de maneiras incríveis e um elenco renomadíssimo, mas que, no fim das contas, é um filme um tanto morno? Isso foi o que aconteceu com O Círculo, do diretor James Ponsoldt, baseado no livro homônimo de Dave Eggers, que também foi roteirista da produção. Eu esperava muito mais de um longa que tem Tom Hanks, Emma Watson e John Boyega.


O Círculo é uma empresa a la Google, a la Apple e a la Facebook que é o sonho de qualquer jovem. Todos desejam trabalhar lá, inclusive Mae (Emma Watson), uma garota que se sente desperdiçada num call center. Até que a sua amiga Annie (Karen Gillian), que faz parte da cúpula do Círculo, consegue uma vaga para Mae no serviço de atendimento ao cliente. Ela entra num novo mundo, onde a empresa realiza festas, tem redes sociais, interação com todos, planos de saúde, esportes e milhões de outras regalias. Mas, aos poucos, Mae vai cada vez mais fundo nesse mundo corporativo que mais parece uma seita e que acredita que “segredos são mentiras”, onde a privacidade é vista com maus olhos, tanto que a protagonista faz parte de um experimento de se expor diariamente 24 horas por dia, a ponto de basicamente destruir a sua vida pessoal.

A ideia de O Círculo como crítica social é ótima. Estamos diminuindo a nossa privacidade em nome do compartilhar, do divulgar. Até que ponto isso é saudável? Mas o que poderia ser um incrível filme no melhor estilo Black Mirror tem o seu mote principal insosso com personagens mal desenvolvidos, roteiro um tanto preguiçoso e um final quase bobo e muito previsível. Mae conversa bastante com Ty (John Boyega), um dos fundadores da empresa que viu seu trabalho ser desvirtuado. E enquanto eles poderiam ter feito um estrago de proporções épicas, fazem algo simplesmente ok e esperado, nada diferente do que já vimos em outros filmes por aí. E o personagem de Boyega aparece minimamente, a ponto de você pensar que ele tinha um papel importante, mas que foi cortado na edição deixando tudo um pouco desconexo.




Várias subtramas são inseridas, mas nunca continuadas ou explicadas, como toda a questão antitruste e de investigação, o mistério do túnel que Ty leva Mae e diz “isso é pior do que eu pensava”, mas não explica o que é, Annie estar bem, ativa e saudável e de repente virar um zumbi amargo e assim por diante.

Tom Hanks é Bailey, o CEO do Círculo. Um showman, uma mistura de Steve Jobs e Mark Zuckerberg com coachs. Ele vende a ideia de privacidade zero como transparência. Um mundo com segredos é um mundo corrupto, afinal, você se porta melhor quando sabe que os outros estão olhando. E seu personagem, que poderia ser muito melhor explorado, aparece pouco em cena. E Emma Watson tem um ar meio perdido o tempo todo. A mesma cara de apática quando feliz, quando triste, quando realizada. O grande problema não é a sua atuação em si, mas a direção que não soube aproveitar a atriz e o roteiro cheinho de furos.



Vale ressaltar a ótima atuação de Bill Paxton, como pai de Mae que sofre de esclerose. Ele e Glenne Headly deram toda delicadeza e sensibilidade que a interpretação da doença necessitava. E é triste pensar que no início do ano Paxton faleceu.

Só que mesmo com todas essas críticas negativas, O Círculo é um filme que de certa forma nos faz pensar em como a tecnologia, redes sociais e compartilhamentos estão enraizados em quem somos hoje. Além disso, vemos também as consequências que o viver “privacy free” acaba tendo. 

A visual do filme é muito bonito. O Círculo é realmente de encher os olhos, uma empresa clara, cheia de luz do sol, muito verde e construções modernas. E os efeitos gráficos de quando Mae interage virtualmente também são bem bacanas.


Tenho certeza que o livro é muito mais interessante que o filme, com um aprofundamento muito maior aos personagens e à crítica social intermitente sobre a forma como tratamos a nossa privacidade – no caso a falta dela.


Eu não odiei O Círculo, como muita gente por aí, mas também não adorei. Daria uma nota 6, bem mediana. Não vale uma ida ao cinema, mas quem sabe vale um Netflix daqui uns meses. Recomendo só um pouquinho.

Teca Machado


7 comentários:

  1. Oi, Teca!
    Vou aproveitar a sua dica e esperar sair na Netflix mesmo. Mas sempre achei esse filme com muita vibe de Black Mirror.
    Beijos
    Balaio de Babados
    Participe do Sorteio de Férias: cinco livros, um ganhador!

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    1. Oi, Lu!
      Tem uma vibe Black Mirror, mas nem chega perto de ser tão bom, hahaha.

      Beijooos

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  2. Estava cheia de expectativa, achei tão interessante a trama, mas depois de te ler agora, aff ainda bem que não fui ao cinema!!
    Mas quero assistir ainda, vou ver no netflix mesmo.
    E com certeza quero ler o livro, espero mesmo que seja melhor.
    Desperdício de estória, fala sério!

    xoxo
    http://rascunhosehistorias.blogspot.com.br/

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    1. Oi, Léa!
      Eu também estava super empolgada e fiquei decepcionada.
      Pena, né?
      Mas vale assistir pelo Netflix, que aí não gasta dinheiro, haha.

      Beijooos

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  3. Oi, Teca!!

    Achei a história do filme tão fraca que simplesmente não tive vontade de ler o livro. Também vi várias resenhas dizendo que o livro também não tem uma história boa.

    Concordo com você no ponto do elenco. Que atores gente!! Mas que personagens chatos!!! O filme estava tão chato que eu só queria que acabasse para eu ir embora. E quando finalmente achei que as coisas iam ficar interessantes, o filme acaba. Hahahahahahaha

    Enfim, faz parte, né?

    Bjs

    http://livrosontemhojeesempre.blogspot.com.br

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    1. Oi, Carol!
      Sério que o livro não é tããããão bem escrito?
      Me admira virar filme e com tanta gente boa, então.
      De vez em quando a gente erra com o filme, né? Acontece.

      Beijooos

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