O Ano Em Que Li Um Livro de Cada País: Projeto de Ann Morgan


Vá até a sua estante, veja os títulos e me diga uma coisa:

Há livros de vários países ou apenas predominantemente de língua inglesa – e talvez portuguesa, porque a nossa literatura nacional tem crescido muito?

Provavelmente a maioria dos seus livros são americanos e ingleses, né?

Mas, calma, eu não estou te julgando, nem nada do tipo. Essa é a tendência editorial no nosso país – e em muitos e muitos outros, na verdade.

E a escritora britânica Ann Morgan percebeu isso também em sua realidade, por isso decidiu fazer algo diferente: ler obras de todos os lugares do mundo. A experiência virou uma palestra do TED Talks, chamada O Ano Em Que Li Um Livro de Cada País.

Ela conta que se descobriu uma “xenófoba literária desinformada”, mesmo sendo uma pessoa que lia muito. Ao observar sua biblioteca pessoal percebeu que quase todas suas leituras vinham da língua inglesa. Só que como eu disse mais acima, isso não era estritamente culpa dela. Apenas 4,5% de ficção, dramaturgia e poesia vendidos no Reino Unido são traduzidos de outras línguas.

Ann Morgan
Então, ela pegou como base a lista de nações reconhecidas pela ONU e chegou a uma contagem de 196 países. Criou um blog chamado A Year of Reading the World, que acabou se tornando a palestra. 

Ann percebeu que não conseguiria sozinha. Afinal, como saber o que ler do Malawi (juro que isso é um país)? Então pediu indicações de amigos, de leitores e de todo mundo que passasse pelo seu caminho. Podia ser alguma obra clássica do país, algo que estava na moda, um livro que foi sucesso de vendas e assim por diante. 

Em alguns casos foi mais fácil. No Brasil, por exemplo, temos uma literatura extensa. Daqui ela leu durante o desafio A Casa dos Budas Ditosos, do escritor baiano João Ubaldo Ribeiro. Mas depois a lista cresceu e conta atualmente mais de um livro por país, tendo lido dos brasileiros Água Viva, de Clarice Lispector, Jubiabá e A Morte e a Morte de Quincas Berro D’Água, de Jorge Amado, Dom Casmurro, de Machado de Assis, Ciranda de Pedra, de Lygia Fagundes Telles, e Joias de Família, de Zulmira Ribeiro Tavares. Mas em outros países, principalmente os fechados politica e culturalmente para o mundo, ela teve mais dificuldade. Em alguns casos, a tradição é contar histórias apenas oralmente, o que dificultou seu trabalho. A escritora comenta que muitas vezes precisou da ajuda de voluntários que traduziram para ela alguns livros, como de Porto Príncipe.

Mais do que aumentar sua bagagem de conhecimento, ela percebeu que se mais pessoas fizessem o mesmo, os editores do mundo inteiro também começariam a publicar obras de todos os lugares.

“Pouco a pouco, aquela longa lista de países com a qual comecei o ano passou de uma lista enfadonha e acadêmica de nomes de lugares para entidades vivas, pulsantes. Não estou sugerindo que seja possível obter uma visão completa de um país lendo apenas um livro. Mas, cumulativamente, as histórias que li naquele ano me tornaram mais atenta do que nunca à riqueza, diversidade e complexidade do nosso extraordinário planeta”, disse Ann Morgan na palestra do TED Talks.

A experiência gerou um livro

E A Year of Reading the World não foi sua primeira experiência do tipo: Em 2011 ela passou o ano lendo apenas literatura feminina.

Ann Morgan escreveu um livro sobre sua experiência chamado Reading the World: Confessions of a Literary Explorer (Lendo o Mundo: Confissões de uma Exploradora Literária), também chamado nos EUA de The World Between Two Covers (O Mundo Entra Duas Capas). Veja aqui a lista de todos livros lidos por ela no desafio.


Fiquei super interessada, apesar de não termos o livro dela em português ainda. E também achei a ideia de ler o mundo muito bacana. Não digo que vou fazer um projeto do tipo, mas vou procurar ler autores de mais países.

Teca Machado

13 comentários:

  1. Oii Teca, achei super interessante esse projeto, poder conhecer um pouco mais de cada país através dos livros. Me deu até vontade de fazer algo do tipo :)
    - Beijos,Carol!
    http://entrehistoriasblog.blogspot.com.br/

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    1. Dá muita vontade, né?
      Sei que eu quero aprender a diversificar minhas leituras!

      Beijooos

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. AMEI AMEI AMEI! Amei a ideia! É um desafio (muito enriquecedor por sinal)!
    Amei o blog! Parabéns sz
    Squadofreaders.blogspot.com.br

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    1. Extremamente enriquecedor.
      Não dá vontade de fazer o mesmo?

      Beijooos

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  4. Eu acho que já tinha lido sobre esse projeto em algum lugar pela internet e acho uma proposta muito boa. Além de ser uma diversidade de cultura, ainda tem mais um ponto positivo, poder conhecer boas história que talvez nunca teria a chance de ler.
    Beijos
    https://recolhendopalavras.blogspot.com.br/

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    1. Proposta super bacana, né?
      Dar a chance para livros de locais menos populares pode ser mais incrível do que a gente imagina.
      :)

      Beijooos

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  5. Oi Teca, terminando de ler o post fui direto olhar a minha prateleira e de fato tem muito livro americano, inglês e nacional. Alguns em espanhol pq eu amo a língua, mas nada de outros países, chocada! Amei o projeto e começarei a pesquisar autores de outros países também!

    BJs, Mi

    O que tem na nossa estante

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    1. Mi, eu sofro do mesmo mal que você.
      Tenho exatamente desses países e uns poucos do Canadá, Suécia - o Stieg Larsson - e um de Luxemburgo, quem diria.
      Vamos pesquisar mais autores e nos jogar na leitura.

      Beijooos

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  6. Oi, Teca.
    Que projeto interessante!
    Se pararmos pra refletir, a maioria dos livros que vemos nas livrarias vem de países de língua inglesa e alguns da Europa, além dos livros nacionais.
    Faz muito sentido ler livros de países diferentes e ter uma noção melhor da diversidade cultural do nosso planeta.
    Abraços.
    Diego || Diego Morais Viana

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    1. Siiiim!
      Faz sentido total.
      Vamos dar espaço para autores diferentes e nos encantar!

      Beijooos

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  7. Oi, Teca! E não é que é verdade isso? Muitas vezes acabamos sendo "xenófobos" sem saber. Analisando minha estante, posso perceber a maioria de livros estrangeiros também. Esse ano já li um de um autor brasileiro e pretendo mudar isso. É bem mais legal apostar nessa diversidade que ficar sempre na "mesmisse". Adorei o projeto dela e já vou visitar seu blog. Estou doida pra ler o livro dela também!

    Beijo da sua nova seguidora!
    www.controversos.com

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    1. Oi, Caroline!
      Que bom que gostou do blog e do projeto.
      Vamos nos aventurar em literatura de todo lugar, inclusive brasileira.
      :D

      Beijooos

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