The Sinner - Crítica


A senhorita atrasada nas séries ataca novamente!

The Sinner, da Netflix, foi lançada em setembro, mas eu assisti em dezembro e só agora fim de janeiro venho trazer a crítica. Antes tarde do que nunca, ainda mais porque essa produção com certeza vai fisgar sua curiosidade. E aqui não rola spoilers, então vem sem medo!

"Todos sabem que ela fez. Ninguém sabe o porquê"

Eu não imaginava, mas The Sinner foi baseada no livro de Petra Hammesfahr, com o mesmo nome, no português A Pecadora. O enredo conta a história de Cora, vivida por Jessica Biel. Ela é uma mulher aparentemente normal, casada, mãe e que ajuda na empresa do marido, mas que num dia de sol na praia tem um surto e ataca de modo brutal um estranho, dando-lhe facadas por todo corpo, em frente de centenas de testemunhas, inclusive do marido e do filho pequeno. Quando indagada do motivo do assassinato, Cora não sabe dizer o que aconteceu. Todos estão certos de que ela sabia o que estava fazendo, inclusive a própria Cora, que nem ao menos se defende, mas o detetive Harry (Bill Pullman) não está convencido e sabe que há algo por trás desse mistério e começa uma investigação. E é assim, com um assassinato sem motivação aparentemente nenhuma que o espectador é fisgado.

Nada fica claro desde o início e esse é o grande tcham da série. As informações concretas vão sendo exploradas devagar, cheias de complexidade, mas sempre fica óbvio que o que Cora fez tem raízes no seu passado conturbado, vivendo em um ambiente repressor religioso – daí o nome da produção. 



Por meio de flashbacks, muitas vezes confusos, dos anos de juventude de Cora, em alguns momentos não entendemos como tudo aquilo pode estar relacionado com o assassinato brutal, mas tudo se interliga. E por mais que algumas pessoas tenham achado o desfecho sem graça, eu achei um fechamento inteligente, inesperado e altamente coerente com tudo o que foi mostrado e vivido pelos personagens.

A história vai acontecendo e muitas vezes o espectador fica com cara de “que porcaria é isso que está acontecendo?”. Os fatos são crueis e muito questionáveis, criando um sentimento de compaixão por Cora, mesmo que seja considerada uma assassina. Em alguns momentos é possível pensar que o autor não vai conseguir amarrar todas as pontas, mas consegue.



Por vezes meio lenta, The Sinner não é a série mais alucinante e corrida que você vai assistir. Tanto que é o que chamam de “slow burn”, que seria algo como “cozinhar lentamente”. O roteiro vai devagar, mas sempre com fatos importantes, com um mistério instigante que vai te fazer assistir a um episódio atrás do outro (e são apenas oito, então você pode até terminar numa sentada só).

Jessica Biel, que também é produtora executiva, passa The Sinner inteiro com a mesma cara, mas é compreensível. Ela trabalha muito bem, dá o tom melancólico, culpado e atordoado que a personagem pedia. Suas expressões, seus pequenos gestos, dizem mais do que as poucas palavras que fala. Assim como Bill Pullman (que eu assustei como está velho! Eu sempre me lembro dele como o presidente dos EUA em Independecy Day), que vive o detetive, ótimo em seu trabalho, mas um fiasco na vida pessoal. Merece destaque Nadia Alexander, como Phoebe, a irmã doente, mas altamente sexual, que incita Cora a pecar sempre que possível.



As cores, os ambientes, tudo tem um quê de claustrofobia. E não só fisicamente falando, mas psicologicamente também. Cora, desde que nasceu, vive uma claustrofobia crescente. A mãe opressora, que cria uma espécie de campo de concentração em casa, a irmã que não a deixa ter uma vida, o casamento, que apesar de ela amar o marido, não é o auge da felicidade. Tudo cria não só na personagem, mas no espectador, um sentimento de prisão.

The Sinner foi apresentado como série na Netflix (Explicação rápida: Sempre que aparecer série, tem possibilidade de mais temporadas – a não ser se for cancelado. Minissérie, como foi o caso de Alias Grace, será uma só). E apesar da história de Cora estar fechada, a única possibilidade de uma continuação seria com o detetive Harry, que nos dá dicas do seu passado conturbado e que talvez possa ser uma linha para a segunda temporada. Mas não há nenhuma informação concreta ou oficial sobre o assunto.



Recomendo bastante.

Teca Machado


6 comentários:

  1. Caraca, Teca!
    Ótimo post. Ontem estava procurando algo para assistir e apareceu esse como sugestão só que acabei não o escolhi :(, irei assistir no domingo em que terei tempo.
    Apesar de não fazer o meu estilo fiquei bem interessada... talvez eu não curta tanto, masssss, só assistindo para saber. :)

    Beijos,
    Keth.

    Blog: www.parbataibooks.blogspot.com.br ♥

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    1. Opa!
      Que bom que gostou da dica.
      Espero que tenha visto e gostado.

      Beijooos

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  2. Oii Teca, tbm sou a atrasada das séries bate aqui hahahaha, todo mundo já assistiu the sinner menos eu hahahahah mas esse ano ainda assisto.
    -Beijos, Carol !
    http://entrehistoriasblog.blogspot.com.br

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    1. Eu vivo um eterno atraso, porque fico entre ler e assistir, hahaha.
      Assiste essa que é ótima!

      Beijooos

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  3. Li o livro primeiro. Não conseguia largar. Fiquei feliz em poder assistir a minisserie em seguida, mas em comparação achei a adaptação fraca, perdeu muito da trama psicológica da autora. Apesar de ser fã de Jessica Biel, não senti nela a intensidade e força necessária deste personagem. O personagem de Cora no livro é muito mais perturbado e inteligente do que o representado por Jessica, além do personagem da mãe de Cora ser muito mais "boazinha" no filme do que no livro. Recomendo ler primeiro o livro.

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  4. Estou vendo aqui em 2022,me recuperando de sequelas da covid e que série maravilhosa ela te prende vc fica querendo saber mais e mais sé louco.

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