“Falling slowly” – Apenas Uma Vez

No Oscar de 2009, quando apareceram as canções que estavam concorrendo, torci desesperadamente para que Encantada (Comentei aqui) ganhasse. Esse longa estava disputando com duas músicas. Na hora das apresentações, apareceu uma chamada Falling Slowly, de um filme independente chamado Apenas Uma Vez. Enquanto as outras concorrentes eram super produções, essa era simples: Um homem no violão e uma mulher no piano. Só. Achei que seria sem graça, mas me enganei. A canção era linda e eles cantavam com tanta emoção que eu fiquei apaixonada. Felizmente, ela foi a vencedora. Apesar disso, não me interessei muito em assistir o filme. Acabou que o vi só no mês passado, mais de quatro anos depois. Devia ter visto muito tempo atrás, porque gostei muito.


Apenas Uma Vez é aquele tipo de filme tão despretensioso e feito com coração que acaba fazendo sucesso sem querer. O roteiro e a direção são de John Carney. Segundo ele, queria uma história simples de ser explicada, que pudesse ser escrita no verso da um guardanapo. E foi o que conseguiu. É tão simples que os protagonistas nem ao menos têm nome, o que você só percebe quando os créditos finais sobem e eles são nominados como “guy” e “girl”.

Girl e Guy

O filme conta a história de um homem (Glen Hansard) que vive uma vida meio solitária. Vivendo com o pai, ele conserta aspiradores de pó e canta nas ruas de Dublin. Sua vida é meio sem propósito e sem direção. Até que conhece uma garota imigrante (A tcheca Markéta Irglová). Vendedora de flores, simples, sincera e de um otimismo invejável, ela se aproxima dele e eles começam uma relação totalmente diferente. Não é nada físico, eles se unem pela amor pela música e pela criatividade que corre solta em suas veias.

Ruas de Dublin

Sim, Apenas Uma Vez é um musical (Tanto que virou há pouco tempo uma peça da Broadway). Mas não se preocupe, não é do tipo que as pessoas no meio de uma cena dramática começam a cantar e rodopiar falando sobre seus sentimentos. Todas as canções têm um propósito, um lugar. Elas surgem quando os personagens estão compondo, ensaiando, gravando fitas e CDs e em situações do tipo. Nada lúdico ou fantasioso.

Ensaios eram horas de música no filme

A graça de Apenas Uma Vez é a sua trilha sonora e a sua sensibilidade. Todas as músicas foram feitas para o filme. Glen Hansard não é ator (Apesar de ter se dado muito bem em frente às câmeras). Ele é o vocalista da banda irlandesa The Frames, da qual John Carney era o contrabaixista em 1993. Enquanto fazia a concepção do filme, o diretor pediu para usar umas das músicas de Glen e que ele escrevesse mais algumas. O problema foi que John não conseguia encontrar alguém que cantasse com a alma e com a emoção de Glen. Então, pediu que ele fosse o seu protagonista. Para o papel da garota, chamou Markéta Irglová. Ela era amiga do vocalista da banda e já tinha trabalhado com ele em um dos seus álbuns.

Glen e Markéta

Essa crueza e falta de experiência dos protagonistas é algo que deixou o filme ainda melhor. Ele fica intimista e dá a sensação de que o espectador está assistindo a um documentário. Nos extras do DVD, o diretor afirma que muitas pessoas o perguntaram se a história era real e o que acontecia depois.

Cantores atores

Por falar nos extras, eles são ótimos. Eu terminei de assistir o filme e já tinha gostado, ao ver os extras, gostei mais ainda, por causa da maneira como a produção foi criada. Além da escolha dos atores, gostei muito do fato de que o roteiro ia sendo escrito de acordo com o passar das filmagens, que os atores tinham liberdade para acrescentar ou tirar falas. Mas o mais legal é que a maioria das cenas foram filmadas de longe, sem que os protagonistas vissem as câmeras, para que pudessem agir naturalmente, sem serem intimidados pela presença de mais gente ou do equipamento.

É ou não é para amar Apenas Uma Vez?

A música ganhadora do Oscar:


Recomendo.

Teca Machado 

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