Megalomaníaco, milionário e maluco: O Lobo de Wall Street


O Lobo de Wall Street, filme do diretor Martin Scorsese e quinta parceria com o ator Leonardo DiCaprio, fala o palavrão f***k 506 vezes. São exatas três horas de filme, o que dá uma média de 2,8 por minuto, de acordo com a revista Variety, que teve o trabalho de contar. Eles são ditos em momentos de euforia, em momentos de desgraça e até em momentos de calmos jantares. Só por aí já dá para perceber que o filme não é dos mais politicamente corretos.


A produção é baseada na autobiografia de Jordan Belfort, que nos anos 1980 e 1990 ganhou (E gastou) milhões e milhões de dólares com fraudes na Bolsa de Valores. Como o filme bem mostra, sua vida foi marcada por excessos: Dinheiro, drogas, mulheres, poder, drogas de novo, mentiras, bebida, luxo, orgias e drogas mais uma vez. Ele é tão megalomaníaco e bem sucedido que literalmente joga dinheiro fora. Em uma cena amassa notas de dólares em bolinhas de papel e joga na lixeira, como nós costumamos fazer com papel já usado.

Belfort praticamente cria um culto de adoração ao seu estilo de vida

A produção começa com um tímido e pobre Belfort (DiCaprio) aos 22 anos casado com uma simples cabeleireira. Quando chega a Wall Street é altamente influenciado pelo seu novo chefe Mark Hanna (Matthew McConaughey), uma espécie de Mestre Yoda Wall Streetiano. Ele o convoca a entrar num mundo de vendas irreais (E de muita droga e prostitutas) onde “o único dinheiro de verdade é a comissão que vai para o bolso do corretor”.

Belfort e Mark Hanna

Deslumbrado, Belfort acaba sendo engolido por esse ambiente. Arruma uma mulher mais bonita (E bota bonita nisso. Margot Robbie é uma loira escultural lindíssima), cria a sua própria empresa de nome pomposo com o ainda mais transtornado Donnie Azoff (Jonah Hill, excelente em seu papel) e se torna milionário em pouco tempo. Consegue tudo isso porque o seu poder de persuasão e motivação é incrível. Ele quer inspirar seus funcionários a serem iguais a ele. Como faz isso? Promovendo orgias colossais no escritório, oferecendo dinheiro para as funcionárias mulheres rasparem o cabelo e atirando anões em alvos como se fossem dardos. Cada vez mais rico, mais ambicioso, mais viciado e mais maluco, Belfort, é claro, vira alvo do FBI. E isso tudo acontece antes dos seus 30 anos.

Mais um dia comum de trabalho no escritório

O Lobo de Wall Street nos faz amar/odiar Belfort. Além disso, é um filme com cenas fortes. Carreiras de cocaína são cheiradas a todo instante sem nenhuma discrição, além da ingestão de outras drogas em pílulas. O sexo é praticado o tempo quase todo e de forma leviana, há muita nudez e diálogos politicamente incorretos. É tudo tão escancarado e maluco que parece irreal. E, na verdade, pode até ser irreal. Como Jordan passa o filme praticamente todo chapado, o espectador muitas vezes vê o mundo através dos olhos dele, da sua visão distorcida por causa do abuso de substâncias tóxicas (E de mulheres tóxicas).

A esposa

Há uma corrente crítica, principalmente nos Estados Unidos, que afirma que a produção é uma exaltação ao estilo “vida loka” de Jordan Belfort. Leonardo DiCaprio rebate os comentários. Em entrevista disse que “a proposta do longa pode não ser entendida por alguns espectadores. Nossa intenção não foi defender, mas justamente acusar esse mundo. O livro de Jordan Belfort que inspirou o roteiro é uma obra de advertência sobre esse universo intoxicante”.

Festas, drogas, luxo, mulheres, orgias e muita loucura

Mas não podemos negar que o filme é engraçado. Sim, no final das contas, é uma comédia e é bem divertido. Nunca imaginei ver o Leonardo DiCaprio, que passa a impressão de ser tão sério, em situações tão constrangedoras como em O Lobo de Wall Street. Em uma sequência seu personagem toma uma droga muito poderosa. Como não faz efeito, ele toma mais pílulas. Quando acontece o efeito retardado, ele fica completamente dopado, mas precisa voltar para casa dirigindo. Esse é uma das coisas que dá para contar, o resto é praticamente impublicável.

Só um tantinho de dinheiro

O Lobo de Wall Street está concorrendo a cinco estatuetas do Oscar: Melhor filme, melhor diretor (Scorsese), melhor ator (DiCaprio), melhor ator coadjuvante (Jonah Hill) e melhor roteiro adaptado. Scorsese tem muitas chances, pois a sua direção foi diferente, magistral e criativa. Já Leonardo DiCaprio nem preciso dizer. Ele deve ter ficado exausto no fim das filmagens, tanto psicológica quando fisicamente. Para mim ele é um dos melhores atores dessa geração do cinema e também um dos mais injustiçados. Por que ninguém dá um Oscar para ele? Por queeeeeee? Será que dessa vez vai? O Globo de Ouro ele levou. E ainda disse no palco que não esperava ganhar nada por um filme de comédia. Espero que dessa vez ele possa voltar para casa feliz depois da cerimônia do Oscar. Vai ser mais do que merecido para esse ator que entra na essência do personagem como ninguém.

Recomendo muito. Mas só se você tiver mais de 18 anos, ok?

Teca Machado

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