Quantas vezes você já lavou as suas mãos hoje? – Contágio, um caos totalmente plausível


Mais um filme de fim dos tempos essa semana. Mas, diferente de Oblivion (Que eu comentei aqui), Contágio não mostra o mundo pós-apocalíptico, e sim o momento em que a catástrofe acontece. É impossível assistir sem se preocupar pelo menos um pouquinho com a transmissão de vírus letais e desconhecidos. Germofóbicos que assistiram esse longa devem ter entrado em pânico e ficado sem tocar nada e nem ninguém por uns dias (Eu mesma fiquei contanto quantas vezes toco o rosto por minuto – E eu acabei de coçar o nariz, droga!).



Contágio é um filme que incomoda pelo fato de que é plausível e perfeitamente apto a acontecer na vida real (Ainda mais no último mês em que se tem falado do novo tipo de gripe aviária, que muitos dizem ser pior do que a anterior). Mais do que filmes de terror e suspense com mortos, monstros, espíritos e outros seres sobrenaturais, Contágio assusta pelo fato de que um vírus é dificílimo de ser mantido em “cativeiro” e que o ser humano é muito mais perigoso do que qualquer uma dessas coisas. 

Em busca de uma vacina

Quando instado ao pânico, o homem se transforma num animal e segue apenas seus instintos de sobrevivência. Thomas Hobbes estava certo ao dizer que os seres humanos no estado de natureza estão inerentemente em uma "guerra de todos contra todos", e a vida neste estado é em última instância "desagradável, bruta, e curta”. Contágio mostra bem isso. Quando o pânico e o medo passam a tomar conta da sociedade, todas as leis e a ordem que regem o mundo são postas ao chão, pois todos querem um antídoto, independente dos meios que precisam para fazer isso.

As cidades viram o caos

Contágio começa com Beth Emhoff (Gwyneth Paltrow) voltando para os EUA depois de uma viagem à China. Dois dias após, o que parecia ser apenas uma gripe mata a mulher e seu filho e as condições da morte são estranhas. Outras pessoas ao redor do mundo começam a ter os mesmos sintomas e a falecer. Logo a doença se espalha em proporções astronômicas e o que era uma simples preocupação da OMS (Organização Mundial de Saúde) e do Governo americano se torna situação de emergência matando milhões de pessoas. Começa assim uma corrida pela descoberta da cura da MEV-1 (Nome dado ao vírus), enquanto tentam descobrir de onde a doença veio. Por mais que as autoridades tentem não colocar medo nas pessoas, o caos se instala e a situação perde o controle.

A paciente zero na China

O interessante de Contágio é que não mostra a visão do apocalipse eminente apenas de um personagem, mas de vários deles que estão em esferas diferentes da sociedade. Mitch Emhoff (Matt Damon) é um pai de família, viúvo de Beth, que é imune a doença e tenta a todo custo preservar a filha. Dr. Ellis Cheever (Laurence Fishburne) está a frente das pesquisas e da organização dos doentes junto com a Dra. Erin Mears (Kate Winslet) e a Dra. Ally Hextall (Jennifer Ehle). A Dra. Leonora Orantes (Marion Cotillard), membro da OMS, vai ao lugar inicial da doença tentar descobrir de onde surgiu e acaba refém. Enquanto isso, Alan Krumwiede (Jude Law, seu lindo!) é um repórter e blogueiro que mais cria o medo do que ajuda em alguma coisa.

Matt Damon como Mitch Emhoff

Como o filme é de Steven Soderbergh, já era de se esperar uma reunião de grandes estrelas e nenhum protagonista. Ele soube aproveitar todos os atores sem focar mais em um ou em outro. A fotografia do filme é sempre meio soturna, invernal e com cores sóbrias. Isso mostra o estado de espírito dos personagens. As únicas partes coloridas e alegres são quando mostram cenas da viagem de Beth para a China, antes de tudo isso acontecer.

Marion Cotillard, uma das estrelas do time de Soderbergh

Fica claro desde o início que o contágio da MEV-1 é feita pelo contato direto. Então, o toque passou a ser algo evitado pelas pessoas. O diretor utilizou recursos de close up em objetos e mãos que dão ainda mais aflição ao espectador. Mostra os doentes tocando comida, copos, corrimãos e pessoas. Você sabe que o vírus está ali, apesar de não vê-lo (Óbvio), e isso deixa uma certa apreensão e pensamento de “Eu nunca mais vou tocar em nada. Eu nunca mais faço nada sem desinfetar as mãos. Eu nunca mais pego na mão de ninguém”.

Busca alucinada pela cura do Dr. Cheever e da Dra. Hextall

Contágio é muito bom e um tanto aterrorizante.

Recomendo.

Teca Machado

P.S.: Quantas vezes você já lavou as suas mãos hoje?

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